Estudo confirma que vacinação não causa autismo

Foram analisadas mais de 650 mil crianças por mais de 10 anos.

Foram analisadas mais de 650 mil crianças por mais de 10 anos.

O estudo foi publicado nesta semana na Annals of Internal Medicine, publicação do American College of Physicians, associação americana formada por 154 mil médicos, estudantes e pesquisadores da área. O artigo reuniu resultados do Statens Serum Institut de Copenhague.

O objetivo do estudo era que identificar a hipotética ligação entre a vacina contra o sarampo, a caxumba, a rubéola – a tríplice viral ou MMR na sigla em inglês e o autismo continua a causar preocupação e desafiar a imunização em massa através da vacina nos últimos anos.

Os resultados confirmaram que não há qualquer relação entre vacinação e autismo. Dentro de 5.025.754 pessoas/ano acompanhadas, 6.517 crianças foram diagnosticadas com autismo (taxa de incidência de 129,7 por 100.000 pessoas/ano). A comparação entre crianças vacinadas com MMR e não vacinadas com MMR produziu uma razão de risco de autismo totalmente ajustada de 0,93 (IC 95%, 0,85 a 1,02). Da mesma forma, nenhum risco aumentado de autismo após a vacinação com MMR foi consistentemente observado em subgrupos de crianças definidas de acordo com a histórico de autismo dos irmãos, fatores de risco do autismo (com base em um escore de risco de doença) ou outras vacinações infantis ou durante períodos específicos após a vacinação.

A origem da hipótese

Em 1998, o médico britânico Andrew Wakefield escreveu artigo no qual estabeleceu a hipótese de vínculo entre a tríplice viral (conhecida pela sigla em inglês MMR) e o autismo. Na época, ele havia feito um estudo com 12 crianças. A tese foi refutada com várias pesquisas posteriores, inclusive esse novo estudo.

A pesquisa de Wakefield foi retirada do ar pela publicação médica The Lancet. E seu autor perdeu a licença médica no Reino Unido, após processo que avaliou diversas acusações de má conduta profissional relacionadas ao estudo.

As conclusões

documento atual conclui que a tríplice viral não aumenta o risco de autismo nem desencadeia a condição. A análise foi feita em 657.461 crianças nascidas na Dinamarca, filhas ou filhos de mães dinamarquesas, entre 1º de janeiro de 1999 e 31 de dezembro de 2010. Todas foram acompanhadas desde o primeiro ano de vida e até 31 de agosto de 2013.

Do total, 6.517 foram diagnosticadas com autismo, mas a comparação dos não vacinados com os vacinados não encontrou diferenças substanciais nos índices de risco de autismo.

“Não encontramos fundamento para a hipótese de risco aumentado de autismo após a vacina tríplice viral numa população nacional aleatória de crianças dinamarquesas”, diz o texto do Annals of Internal Medicine.

Da mesma maneira, não se registrou nenhum aumento na probabilidade de autismo depois da vacinação entre crianças com fatores de risco associados à condição.

Os autores destacam ainda que o estudo chega à mesma conclusão que uma pesquisa de 2002, quando 537 mil crianças dinamarquesas foram acompanhadas. Além disso, citam outras dez pesquisas sobre vacinas infantis, incluindo seis sobre a tríplice viral, que também não encontraram ligação entre vacina e autismo.

O Estudo foi financiado pela Novo Nordisk Foundation e o Ministério da Saúde da Dinamarca.

Com informações da Annals of Internal Medicine,

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