Exercitar-se, fugir do estresse e ter alta atividade intelectual gera resistência ao Alzheimer
Nas sociedades ocidentais, a doença de Alzheimer afeta 10% da população com mais de 65 anos de idade. No Brasil, o número de pessoas com a doença já atinge cerca de 1,2 milhão. Apenas metade delas se trata, e, a cada ano, surgem 100 mil novos casos. A estimativa é a de que esse número dobre até 2030, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer. Na Catalunha, já há quase 90 mil casos e no Estado, como um todo, excede 800 mil.
É uma doença degenerativa muito freqüente, mas ainda não foi encontrada uma droga definitiva para a cura. Nesse sentido, trabalha-se para detectar precocemente a doença, aliviar seus sintomas e, nos estágios iniciais, desacelerar o progresso.
Neurocientista Diego Redolar, diretor do Grupo de pesquisa Estudos Cognitivos Neurolab e professor de Ciências da Saúde da Universitat Oberta de Catalunya (UOC), observa que há certos hábitos que ajudam a tornar o cérebro mais resistente a doenças e ajude a atrasar o início dos sintomas.
Há alguns anos os cientistas desmontaram a crença de que os neurônios adultos não geram novos neurônios no cérebro. Como explica Redolar no livro El Brain Cambiante (Editorial UOC), “o processo de formação de novos neurônios – neurogenesis – também ocorre na idade adulta”. Nesse sentido, fazer uma atividade física regularmente é um bom motor, porque foi provado que promove a criação de novos neurônios no hipocampo.
Além disso, a prática esportiva oxigena o sangue e melhora a vascularização, o recrescimento de sangue do cérebro e o tecido nervoso. Isso também ajuda a preservar os neurônios que são especialmente sensíveis. “Não é a profusão de estímulos que induz o nascimento de novos neurônios, mas o exercício físico que fazemos em resposta a esses estímulos”, afirma o médico especialista em neurociência. Nesse sentido, “o exercício não é apenas vantajoso para estimular o surgimento de novos neurônios, mas também ajuda a manter um equilíbrio e um ambiente ideal em nosso cérebro”. Finalmente, deve-se notar que o exercício também estimula a liberação de uma molécula que é importante para efetivamente reorganizar o cérebro que está ligado à experiência.
Alta atividade intelectual
Pessoas de meia-idade que têm alta atividade intelectual – leia palavras cruzadas … – geram o que os especialistas chamam de reserva cognitiva. O livro de Redorlar explica que é a capacidade do cérebro para enfrentar as mudanças neuronais causadas por envelhecimento ou um processo de doença, que modulam a relação entre lesão cerebral e suas manifestações clínicas, e assim limitar o impacto negativo sobre cognição. O efeito, portanto, é “um atraso no início dos sintomas”.
Vários estudos mostraram isso através de ressonâncias magnéticas. Indivíduos com uma carga genética relevante para desenvolver a doença ou mesmo já doentes conseguiram conter o início da sintomatologia com essa reserva intelectual que, de alguma forma, compensou os fatores clínicos. Neste campo também funciona o palestrante UOC David Bartres-Faz, que lidera o projeto para a saúde do cérebro Barcelona Health Initiative Cérebro, patrocinado pelo Instituto Guttmann e Obra Social “la Caixa”.
O objetivo final é descobrir como, com hábitos saudáveis, se pode afetar a plasticidade neuronal, que é a capacidade intrínseca do sistema nervoso para mudar suas conexões estrutura e neurais para desenvolver novas habilidades e se adaptar às mudanças.
Afaste-se do estresse
Se o exercício oxigenar o sangue, o estresse faz o oposto e tem um efeito desastroso sobre os neurônios. Portanto, devemos evitar essa circunstância e encontrar um ponto de equilíbrio saudável que estimule o cérebro, mas literalmente não o queime.
Com informações da UOC e colaboração de Diego Redolar.