Estudo: máscaras faciais podem ser a chave para a imunidade à COVID-19
As máscaras podem ser a chave para a imunidade ao novo coronavírus, de acordo com um novo estudo. O estudo chama de “Variolation Effect” (Efeito Varíolação, em referência à varíola), mas que podemos chamar como “efeito vacina”.
O estudo publicado no “The New England Journal of Medicine” afirma que há evidências promissoras de que o uso universal de máscara facial pode ajudar a reduzir a gravidade do vírus.
No entanto, o estudo afirma que isso ainda não está 100% comprovado.
Os pesquisadores dizem que as máscaras garantem que mais infecções sejam assintomáticas. O pano pode bloquear parte do vírus se uma pessoa for exposta a alguém que tenha COVID-19.
Sabemos desde o início que as máscaras caseiras não vedam totalmente as entradas de ar pelas suas bordas, o que sempre foi uma preocupação para sua efetividade. Com receio de falta de máscaras N95 para os agentes de saúde, a OMS não incentivou o seu uso no início da pandemia. Mas nas semanas seguintes passou a indicar o uso das máscaras, principalmente as de algodão com mais de uma camada, para dificultar a transmissão comunitária.
Acontece, que mesmo sem o total isolamento, as máscaras ajudam a evitar que gotículas de saliva ou secreções vão integralmente e diretamente às mucosas ou pele do interlocutor ou de outras pessoas no ambiente.
Apesar de não filtrar a totalidade dessas secreções ou dos aerosóis, a máscara impede que uma gotícula, carregada do vírus, passe totalmente para outra pessoa. Esse filtro imperfeito que a máscara faz reduz, então, segundo o estudo, a carga viral, ou, a quantidade de vírus que entrará em contato no receptor.
Quem usa máscara, apesar de poder ter o contato com o vírus, recebe muito menos dele, o que acaba por produzir um “efeito vacina” naquele que recebeu a carga viral. Em pouca quantidade, o vírus da COVID-19 é capaz de provocar uma reação do organismo que começa a produzir os anti-corpos para se proteger do invasor. Como está em pouca quantidade, fica viável pro corpo humano se defender com mais efetividade e gerar anticorpos suficientes e em tempo hábil pra neutralizar o SARS-CoV-2. Com a reação mais efetiva, o vírus não tem mais capacidade de se reproduzir em quantidades suficientes para provocar os sintomas mais fortes e até letais da doença.
Por que “efeito vacina” ou “efeito varíola”? Porque se assemelha a ideia de que a vacina criada contra a varíola era composta com o próprio vírus da doença só que desabilitado, enfraquecido, sem capacidade de se reproduzir. Mas por se tratar de um corpo estranho, o organismo reage, por via das dúvidas, produzindo as defesas necessárias a tempo para ficar imune à doença em outro momento.
“Em última análise, o combate à pandemia envolverá a redução das taxas de transmissão e da gravidade da doença. Cada vez mais evidências sugerem que o mascaramento facial em toda a população pode beneficiar ambos os componentes da resposta”, escreveram os pesquisadores.
Anteriormente, os pesquisadores encontraram evidências de que as máscaras são eficazes na proteção de pessoas contra o COVID-19.
Em julho, pesquisadores da Brigham Young University publicaram um estudo não técnico sobre a eficácia do uso de máscara.
O resumo mostra que, enquanto no início da pandemia os estudos iam e voltavam sobre a eficácia das máscaras faciais, novos dados mostram que elas, sem dúvida, reduzem a disseminação do coronavírus.
Fonte: Facial Masking for Covid-19 — Potential for “Variolation” as We Await a Vaccine | The New England Journal of Medicine