Estudo no Brasil não encontra benefício de hidroxicloroquina para COVID-19
O ensaio clínico, realizado em 55 hospitais em todo o Brasil e publicado no New England Journal of Medicine, testou se a hidroxicloroquina melhorou a condição de pacientes com casos leves a moderados de COVID-19, isoladamente ou em combinação com o antibiótico azitromicina.
Um estudo publicado quinta-feira (23 de julho) sobre o uso da hidroxicloroquina no Brasil para tratar o COVID-19 considerou a droga ineficaz, o mais recente golpe na pressão do presidente Jair Bolsonaro por seu uso generalizado.
O ensaio clínico, realizado em 55 hospitais em todo o Brasil e publicado no New England Journal of Medicine, testou se a hidroxicloroquina melhorou a condição de pacientes com casos leves a moderados de COVID-19, isoladamente ou em combinação com o antibiótico azitromicina.
O governo de Bolsonaro recomenda desde maio que os médicos do sistema público de saúde do Brasil prescrevam hidroxicloroquina ou o medicamento anti-malária relacionado à cloroquina, além da azitromicina, desde o início dos sintomas do novo coronavírus.
Como o presidente dos EUA, Donald Trump, a quem ele admira, Bolsonaro elogiou a hidroxicloroquina como tratamento para o COVID-19.
O líder de extrema direita está tomando o remédio, depois de tomar o vírus no início deste mês.
No entanto, uma série de ensaios clínicos randomizados (ECR), considerados o padrão ouro para investigação clínica, descobriram que a droga é ineficaz contra o coronavírus e tem efeitos colaterais potencialmente prejudiciais.
O ECR brasileiro chegou à mesma conclusão.
O Brasil tornou-se essencialmente o maior campo de testes do mundo para as drogas por causa da política do governo Bolsonaro.
“Entre os pacientes hospitalizados com COVID-19 leve a moderado, o uso de hidroxicloroquina, sozinho ou com azitromicina, não melhorou o estado clínico em 15 dias em comparação com o tratamento padrão”, disse o estudo por médicos e pesquisadores de um grupo. chamada Coalizão COVID-19 Brasil.
Os membros do grupo compreendem dois institutos de pesquisa e seis hospitais, incluindo o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, considerado um dos melhores da América Latina.
O estudo, realizado em 667 pacientes, também descobriu que aqueles em hidroxicloroquina desenvolveram marcadores clínicos que aumentaram o risco de problemas cardíacos e hepáticos.
Os autores reconheceram, no entanto, que o estudo tinha várias limitações, incluindo que não era “cego” – os pacientes e seus médicos sabiam se estavam ou não no grupo controle.
“O julgamento não pode excluir definitivamente um benefício substancial dos medicamentos ou um dano substancial”, disseram eles.
O Brasil tem o segundo maior número de infecções e mortes na pandemia, depois dos Estados Unidos: 2,3 milhões e 84.000, respectivamente.
Bolsonaro, que minimizou o vírus como uma “pequena gripe”, critica ferozmente o impacto econômico das medidas de distanciamento social, argumentando que elas são piores que a própria doença.
Fonte: New England Journal of Medicine