Estudo aponta reversão de microcefalia em bebês nascidos de mães com vírus da zika
Especialistas acompanharam 216 crianças nascidas de mães infectadas pelo arbovírus
Trabalho foi conduzido por pesquisadores da Fiocruz e da Universidade da Califórnia, nos EUA. Especialistas acompanharam 216 crianças nascidas de mães infectadas pelo arbovírus.
Um estudo divulgado nesta segunda-feira (8) na revista científica “Nature Medicine” relata resultados do acompanhamento de 216 crianças nascidas de mães infectadas pelo vírus da zika durante a gravidez. Os pesquisadores mostraram que duas das crianças com microcefalia conseguiram reverter o quadro, e apresentaram desenvolvimentos neurológico, de linguagem e motor considerados normais. Uma delas desenvolveu a circunferência no tamanho normal da cabeça e a outra passou por uma cirurgia craniana.
Especialistas da Fiocruz e da Universidade da Califórnia, nos EUA, além de austríacos e alemães, acompanharam as crianças desde a infecção da mãe, no pré-natal, até o terceiro ano de vida, avaliando suas capacidades neurológicas, cognitivas e motoras, além de análises na audição e visão.
— Não temos dados pra explicar por que isso se deu, mas existe a teoria da neuroplasticidade, que é a capacidade do ser humano de reorganizar suas vias de transmissões cerebrais e passar a fazer tarefas que antes estavam prejudicadas — explica o obstetra José Paulo Pereira Junior, gestor da maternidade do Instituto Fernandes Figueira e um dos autores da pesquisa, publicada nesta segunda-feira na revista científica “Nature Medicine”.
Dentre as mais de 200 crianças, apenas oito eram diagnosticadas com microcefalia. Entre elas, duas nasceram sem a anomalia, mas apresentaram o quadro depois.
— Situações como essa eram previstas. Isso aconteceu principalmente em crianças cujos casos de infecção das mães ocorreu tardiamente (no fim da gestação) . Quando nasceram, elas não tinham grandes alterações decorrentes da zika, mas apresentaram alterações durante o crescimento — afirma Alex Souza, especialista em medicina fetal do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), para o site ‘O Globo’.
Fonte: Revista Nature – Delayed childhood neurodevelopment and neurosensory alterations in the second year of life in a prospective cohort of ZIKV-exposed children