Artigo científico propõe otimização de leitos de UTI materna com inteligência artificial
Um estudo recente, publicado em julho no International Journal of Gynecology and Obstetrics (IJGO), apresenta um modelo computacional baseado em algoritmos de aprendizado de máquina para melhorar a tomada de decisão clínica em unidades de tratamento intensivo (UTI) maternas. Desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc) da Unicamp, o trabalho visa identificar gestantes que necessitam de internação na UTI.
O estudo foi liderado por Fabiano Miguel Soares, doutor em Tocoginecologia pela FCM e enfermeiro no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism-Unicamp), e é parte de sua pesquisa de doutorado orientada por Rodolfo Pacagnella e coorientada por Adriana Gomes Luz, ambos professores da FCM.
Para a pesquisa, foram analisados dados secundários de aproximadamente 10 mil gestantes de 27 centros de referência obstétrica no Brasil, coletados entre 2009 e 2010. Essas mulheres enfrentaram morbidade materna severa, caracterizada por complicações inesperadas durante o parto que podem levar a sérios problemas de saúde.
A equipe traduziu a expertise dos profissionais de saúde em algoritmos de inteligência artificial (IA), permitindo que o sistema aprendesse a “pensar” e resolver problemas clínicos complexos. A colaboração com o Imecc foi fundamental, trazendo conhecimento em programação e sistemas computacionais para o desenvolvimento do modelo.
O modelo de IA utilizado, o XGBoost, é capaz de analisar grandes volumes de dados e identificar padrões complexos, oferecendo predições mais precisas sobre quais gestantes de alto risco necessitam de cuidados intensivos. Segundo Pacagnella, isso auxilia os profissionais de saúde a tomarem decisões críticas com mais confiança e eficiência, garantindo uma melhor alocação dos recursos hospitalares.
Apesar dos avanços, os pesquisadores destacam que o modelo ainda precisa de ajustes e mais estudos para ser replicável na prática clínica. É fundamental que os resultados sejam interpretados em conjunto com o julgamento clínico para garantir decisões adequadas.
A publicação do estudo no IJGO destaca a qualidade das pesquisas realizadas na Unicamp, atraindo reconhecimento internacional, financiamento e colaborações científicas. Soares expressa orgulho pela visibilidade do trabalho, que contribui para a formação de novos pesquisadores e o desenvolvimento da prática clínica.
O IJGO é a publicação oficial da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo), reconhecida por sua relevância na pesquisa global em obstetrícia e ginecologia.
Matéria originalmente publicada no site da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.